domingo, dezembro 19, 2010

Já te disse todo o prazer, tranquilo
Que toda tu transpiras
Ou desse desejo imenso e d'alegria
Que tu tens e contagia?

Enquanto digo, faço
E deslizo pelos teus braços
As mãos nos seios e nas pernas
Nesse espaço onde me fazes
Crer enfim que tudo o mais
É fantasia..

Subo e desço sobre os lábios
Entre os dedos dos teus pés
E no frenesim da fome a saciar
Assim viajo...

Vou e volto
E a boca então te conta
Entre dentes, no pescoço
E nas coxas entreabertas
Mil histórias indecentes.

E nos olhos tu me dizes a loucura
Da tua vontade de mim
Deste meu/teu corpo suado
Que a teu pedido t'invade.

Tocas-me e tudo o resto é nada
Nas minhas pernas, no peito
Onde cravas essas unhas, como querendo
Aprisionar o tempo...

Fazes pausa e dizes baixo
Tudo o mais por explicar,
Sem pudor e sem receios
E deixas-te ir
E apeteces...
Vens e vais
Sentindo nos meus lábios, tão sedentos
E no meu corpo assim tão quente
A força do teu fogo...
E adormeces.

quinta-feira, dezembro 16, 2010

Entra em mim…
a frase que eu anseio ouvir,
mais que pelo prazer de entrar
- intenso e mágico –
por ser assim,
parte de ti!

Que me peças que cavalgue no desejo
e que conheça os pastos todos,
os teus vales e montanhas
oferecidos,
beijo a beijo,
em cada parte de ti!

Entra em mim, bem devagar,
dizes tu de olhos fechados,
nua e bela…
como cada madrugada
e eu, no espanto de te olhar,
sendo assim, parte de ti!

Vem, no murmúrio do poder
com que levantas a espada
com que te faço Rainha
e tu… vais de desejada
ao cume mais alto do prazer
para voltar a partir.

E no renascer mais puro
quando pedes excitada
- entra em mim, de novo –
aquece e vibra este meu corpo,
rebelde e duro,
nesse, teu, que me enlouquece.

sábado, novembro 13, 2010

Em inglês será só flirt,
para mim é sedução.
É estar aqui, só p’ra ver-te
controlando a tentação.

Não dizer, insinuando,
morder sem poder tocar.
É andar assim, brincando,
mesmo à porta, antes de entrar.

Ver o filme em pré-estreia,
antecipar movimentos.
Ser a vítima na teia
dos teus planos, pensamentos.

Dizer-te o mundo em metáfora
e alimentar os enganos.
Usufruir da demora
e rir contigo dos danos.

É acabar com o mote
a que este poema dá vida.
Leonor esquece o pote
anda lá… o chão convida!

quarta-feira, novembro 10, 2010

Eu juro que não complico
que me entrego no teu beijo.
Deixo fluir o desejo
que me calo, quase grito.

E assim viajo contigo
vou aos céus, perco o juízo.
Bebo os teus lábios e o riso
beijo os teus olhos e sigo.

Passeio os dedos tremendo
nas tuas coxas ardendo.
Faço de ti minha estrada.

Sou o querer natural
desse teu corpo animal
que faz do resto mais nada.

domingo, novembro 07, 2010

Mergulho nos teus olhos que me aquecem
devoro esses teus lábios, atrevidos
e desço p’los teus ombros, já mordidos
parando nos teus seios, que apetecem.

Neles me encontro então, fora de mim
sentindo-lhes inteiro o seu sabor,
o aroma da mulher, o seu calor,
destino do prazer, primeiro fim.

Descendo vou fazendo mais caminho
bebendo em teu umbigo doce vinho
sentindo mais prazer, antecipado.

E beijo ess’outros lábios que já são
rastilho pró meu fogo e explosão
absinto em meu corpo embriagado.

Que importa se é Amor ou só desejo
a chama que me anima se te vejo
se torna esta canção alegre fado.

quinta-feira, novembro 04, 2010

Três variações sobre o mote:

“Teu corpo arde em mim
todo o teu corpo é frescura.”

1ª Variação

Ai neste dia que passa
se ele aquece sinto falta
do teu corpo que me abraça
que me acalma e sobressalta.

O meu corpo estremece
só por ter falta do teu.
Se ele tarda apetece
Ai acabar com o meu.

Se o teu corpo arde em mim
só posso acalmar a chama
quando o teu corpo por fim
me oferece a tua cama.

O teu corpo é então frescura
o alívio que preciso
e por isso o meu procura
meio louco esse teu riso.

O teu riso é o meu sustento
o teu corpo é a minha casa.
Toda tu és alimento
e nós juntos sempre brasa.

2ª Variação

Tu és no fundo o mistério
toda a força que há no mundo,
a gravidade maior
que nos puxa e mantém firmes.

És o estranho magnetismo
que atrai quanto repele.
És a força do abismo
entranhada em minha pele.

Tu queimas, quanto alivias
tu gelas quanto aqueces.
És a peça que faz falta
pra eu ficar incompleto.

Sem ti não posso viver
contigo sou menos eu.
Quando chegas ardo todo
se tu partes morro logo.

Contigo não posso ser
sem ti meus olhos são cegos.
Quando partes morro sempre
quando chegas morro em ti!

3ª Variação

És isso, miúda és isso.
Que é difícil compreender-te.
Pior do qu’isso só mesmo
poder saber entender-me.

Quem arde em mim não és tu
é a força do desejo.
E este fogo só se apaga
mais que num beijo, em ti.

Eu quero arder no teu corpo.
Entrar em ti com meu fogo
e libertar-me enfim
jogando contigo teu jogo.

És fresca, deixa dizer-te
porque sabes à manhã...
porque no momento de ter-te
és fresca como a maçã.

Que o teu corpo arda em mim
faz sentido se na cama
abraçados, mais do que isso
somo um corpo que se ama.

segunda-feira, novembro 01, 2010

De que te falo
quando escrevo os meus poemas?
Como digo o mundo
quando o visto com palavras?

Que um poema é Liberdade
tantas vezes…
mesmo quando preso
nos caminhos mais prováveis.

Liberta-se em soneto a minha voz
cantando os rios todos que há no mundo
buscando insaciável o mais fundo
do ser que vive só dentro de nós.

Inspira-se nas curvas que são tuas
feitas minhas na força de as olhar.
Solta-se nos meus sonhos de acabar
cativo entra as tuas pernas, nuas.

São letras à procura das palavras
palavras à procura dos sentidos
memórias dos meus dias já vividos.

São peças dos mistérios que me davas
na força destes verbos em fusão
fazendo de nós próprios a paixão.

Os versos que te digo serão sempre
epílogos de histórias por escrever
navios feitos d’árvores por nascer.


De que te falo
no sussurro destes versos
transformando o meu mundo
no Universo que calavas?

Que um poema é Liberdade…
tantas vezes,
solto nos ouvidos de quem escuta
à procura de sentidos improváveis.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Pode ser que no princípio
fosse o teu corpo apenas…
Como se a fome toda nos silêncios se inventasse…
Pode ser…
que só por isso eu te amasse.

Como pode ser até
que ao mergulhar em ti,
nesse teu mar de riso e de palavras feito,
pudesse ser apenas eu
naufragando no teu peito .

Tudo começa por ser nada…
como se o caminho todo do desejo
fosse pedra em fogo
e cada um de nós
promessas por fazer… um logro…

Podemos ser tudo isso
que nada nos impede de ser nós…
Vivos nas mãos que se tocaram
nos beijos trocados por palavras
nos corpos que se amaram…

Podemos ser o fim…
O tempo gasto dos meus dedos
na procura do prazer dos dias
que nada nos roubará o gosto
que eu tinha quando rias…

Como se o meu princípio e o meu fim
fosse a cama em que deitavas
os teus olhos meigos, às vezes puros
e eu fosse o marinheiro apenas
nos teus mares inseguros.

Tudo pode ser…
porque amei em ti o vento
porque tive em ti o mar…
Nos teus lábios feitos sal
feitos mundo a inventar.

domingo, outubro 24, 2010

Haverá sempre palavras por dizer,

que se soltam no fundo dos teus olhos,

na malícia toda do teu sorriso

como se fossem todo o ar preciso.


São sentidos à procura doutros verbos,

outros dedos nos caminhos do teu corpo.

Notas soltas na tua pele macia

enquanto frágil eu inspiro cada dia.


Horas breves em que enfim encontro,

perdido nos teus lábios, quando riem,

trocando assim meus passos, já perdidos,

outro fogo que me dá novos sentidos.


É então que o tempo todo enfim suspende

a lógica improvável dos caminhos

e doce, infinitamente doce, insinua

este mar revolto nessa praia, nua.

quinta-feira, outubro 21, 2010

Há uma ideia persistente

dentro de mim, noite e dia.

Que faz de mim um optimista

e que mantém a alegria.


E em cada desgraça que vejo

em cada momento de dor

não posso deixar de pensar

que podia ser bem pior…


Se um barco se encontra perdido

e vem à costa afundar…

podia ser bem pior

perder-se sozinho no mar.


E se vivo a tempestade

com os olhos cheios de mágoa

não posso esquecer esses rios

que as chuvas enchem de água.

segunda-feira, outubro 18, 2010

Pergunto-me se sabes

os mistérios entre as linhas…

a fronteira ténue

entre o ir e o voltar…


Se ao menos quando olhas

imaginas,

para além do que é tão óbvio

todo o resto a desvendar.


Pergunto-me onde guardas meus segredos

e em que canto do teu colo,

nas conversas todas por fazer,

sonhando enfim me deito.


Como se o teu corpo fosse

doce dádiva a Apolo…

Como um barco a navegar

num mar perfeito.


Pergunto-me se entendes

o que penso apenas,

quando tornas em manhã

os desejos todos de um olhar.


E se os teus lábios,

como flores, como açucenas,

um dia se farão

outro lugar.

sexta-feira, outubro 15, 2010

No princípio desejei-te apenas…

e entrei nos teus cabelos

como se a nudez de todos os desejos

pudesse aí perder-se.


Senti nos dedos

a textura dos teus suspiros.

Segurei nos lábios

todos os sabores dos teus segredos.


Naufraguei nesse querer-te,

nesse mar assim profundo…

como se entrar em ti

fosse mais do que saber-me.


E fui com a corrente

no deleite de quem bebe

a água fresca da manhã…

No êxtase de quem respira

como se não houvesse futuro.

Na pressa de encontrar

todas as horas já ditas.


Descobri mundos diferentes

outras vontades de ser

como se outro em mim

apenas vivesse pra ter-te.


E depois…

porventura porque o espaço era pequeno…

encontrei apenas

o medo de perder-me.

terça-feira, outubro 12, 2010

É quando mais me queima o pó dos dias,
quando o barco se aproxima do naufrágio
como fim anunciado da viagem,
que o teu corpo mais me inspira.

Quando bela e distraída te anuncias
no passeio por onde vais, como quem dança,
indiferente aos estragos que a passagem
provoca no meu corpo, que transpira.

Porque és febre que me aquece e que m’excita,
que transforma a minha cinza em carne viva,
eu mergulho num segundo, num momento,
na espuma do teu mar, sem temer nada.

E não sei se é fortuna ou se é desdita
esta força que me dás, sem dares por ela,
este fogo que me serve de sustento
e consome a minha alma aprisionada.

sábado, outubro 09, 2010

Que não me roubem nunca
a luz de alguns dos dias
que gravamos na memória.

Para que eu possa,
em momentos de passagem,
rodando as horas entre os dedos...
descobrir as alegrias
de um tempo improvável.

Que escorram os meus olhos
na porta luminosa de uma casa
ou na felicidade simples de uma árvore.

Enquanto escuto o estalar da pele
nas carícias de uma espera
ou no canto matinal do pássaro
esticando a asa
num instante mastigável.

Que se cruzem todos os olhares
na rede mais aberta dos sorrisos
enquanto as estórias adormecem...

No momento em que os copos se levantam
sem brindes nem festejos,
apenas nas necessidades simples
nos gestos precisos...
das coisas naturais.

Que se misturem todos os ruídos
que o sol chama quando basta...
quando o tempo não tem preço.

Para que as crianças corram
livres de ter pressa...
para que as horas passem
nesta vela que se gasta...
Em momentos mais reais.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Quando passa
os meus olhos ficam nela.
E não sei se por malícia
ou só desejo...
não penso em nada mais
do que mordê-la...
abrindo esse diálogo
com um beijo.

Ela brinca
com meus olhos, na desgraça
do seu corpo
me prender em fantasia.
E ao sol,
aqui sentado, nesta praça...
vou sonhando acordado
em pleno dia.

Os seus lábios
que esta minha boca trinca
em delírios
com sabor quase real...
são as armas
com que o diabo pinta
a cor perfeita
do pecado original.

E o cheiro
que enlouquece até os sábios
desse corpo
onde quero acontecer
é um céu
à procura de astrolábios
entre o certo
e os mistérios por saber.

O corpo dela
é um pomar inteiro
a fruta toda
que desejo devorar.
É um mar
p’ra onde corre o meu ribeiro
só de vê-lo,
feito grande a transbordar.

terça-feira, julho 13, 2010

Diz-me que queres voar.
Conta-me os céus que imaginas
recorda que queres sonhar
abre os teus braços e vai!

Diz-me que queres voar
sentir o vento no rosto.
Grita que queres saltar
abre essas portas e sai!

Diz-me quem és, um desejo.
Segura bem forte o que queres.
nega os teus lábios ao beijo...
pega em ti mesma e parte!

Diz-me quem és, um desejo.
Vai, não olhes para trás.
Esquece o caminho que eu vejo
deixa a viagem mudar-te.

E escreve nas ondas do mar,
grava bem fundo no vento
a tua vontade de estar
em todas as horas do tempo.

quinta-feira, julho 08, 2010

Esta noite vou beber
um copo cheio.
Dois ou três, que importa...
que o vinho, quando é a companhia
não pode ficar a meio...
Perdido entre a noite
e o romper do dia.

Vou sentir nos lábios esse açucar
doutros doces que não tenho.
Que às vezes, anestésico,
acorda o meu caminho todo,
Lembra os cheiros donde venho
desde as primeiras águas
ao derradeiro fogo.

Brincam no meu copo
quase vazio,
os teus segredos atrevidos,
a promessa sussurrada
que, como gata perdida no seu cio
me fizeste divertida
com meus olhos fascinada.

Este vinho é portanto uma viagem
um barco leve que navega...
Memória ao leme, o timoneiro.
Os sonhos todos, feitos velas.
E o teu riso, o que sossega
a revolta das memórias,
o medo de perdê-las.

terça-feira, julho 06, 2010

Dá-me a lua, dá-me!
Faz-me sentir um rei.
Pode ser de um deserto, apenas,
De um país pequeno, sem ter lei.

Dá-me o mar, vá lá.
O mar morto, enfim, que seja.
Deixa-me ser um deus, somente.
Um homem sem razão pra ter inveja.

Torna-me o infinito, ao menos...
A loucura toda dos números sem fim.
Pra que os dedos todos deste mundo
sejam poucos pra me contar a mim.

Olha dentro dos meus olhos, fundo...
Coisa pouca que te peço.
Que por estranho que tu aches
eu sinto que mereço.

Que o que mais quero não me dás...
Contrafeito eu entendi:
É voltar atrás no tempo
ao primeiro dia, junto a ti...

terça-feira, junho 29, 2010

Há um cansaço enorme
nas palavras que não dissemos.
Como se enroladas em si mesmas
desafiassem as leis do eco
e se repetissem eternamente
em noites de silêncios.

Há uma angústia em fogo
em todas as carícias que guardámos.
Como se os gestos, nem sequer falhados,
provocassem a lógica da ternura
e em cada dia renascessem
em madrugadas de ausências.

E as pedras do caminho,
outrora grandes e pesadas,
soltam-se em pó nos dias gastos.
Tornam-se improváveis desafios,
doces miragens de outros tempos,
em encontros de abraços, hoje frios.

Estes são os meus cansaços…
Os saltos que não dei ou não quis dar,
os nós cegos dos meus dias.
Nós que antes fortes, apertados,
queimam hoje estes meus pulsos
porque lassos.

segunda-feira, junho 28, 2010

Naqueles dias
em que todas as metáforas
têm o ar triste da falta dos teus olhos…
Pouco mais importa que calá-las
e no silêncio a construir
semear um regresso à vida.

São manhãs sem pés
em que o simples gesto de acordar
arrasta o mundo inteiro
e desgasta
o esboço todo
de um qualquer sorriso.

Dias de pensamento circular
nos caminhos repetidos
das grandes perdas…
E em que o gosto a mar,
das viagens de conquista e descoberta,
não encontra o seu lugar.

Repisar dos gestos,
dos movimentos lentos das partidas
- apenas no largar amarras –
como se entre elas
não houvesse, nunca,
uma chegada.

Ondas que se cansam só no ir,
que perdidas nunca voltam.
Vento que sopra de mim, quase quente, quase frio.
Água que foge, chuva ausente…
Tempo sem vigias,
sem segundos, sem minutos, horas, dias.