sábado, maio 01, 2010

Hoje canto um fado triste
feito de mágoas letais
e deixo os meus olhos nos barcos
que lentos se afastam do cais...

Pois fico aqui e não parto
sentindo que fico sem mim
que os ventos que enchem as velas
desdenham e troçam do fim...

Não digo nada de novo
nas curvas do dia que passa.
Já estão gastas as palavras
a tristeza e a desgraça...

Como voltar a ter espanto
a luz p'ra rasgar este escuro.
A fruta que quero morder
o sonho de ter mais futuro...

Que palavras inventar
que outros caminhos abrir
e sentir de novo nos lábios
outro beijo a descobrir...

Hoje canto um fado triste
feito de sonhos, reais...
e andam meus olhos vazios
perdidos com coisas banais...

Que a areia que escorre no vidro
presa e tão longe do mar
só pode sentir compaixão
por quem não quer navegar...

Já vão longe os barcos todos
as velas cheias de vento
e eu quero sentir no meu corpo
o calor do novo tempo.