quarta-feira, dezembro 14, 2005

Na tua voz

Na tua voz discurso traiçoeiro,
Mas tão fiel parecia aos meus ouvidos,
Que me volvera os sonhos, já perdidos,
E os libertou do forte cativeiro.

Fez-me julgar o falso, verdadeiro;
E amar com toda a força dos sentidos,
Que amar assim, eu, nem nos tempos idos:
Da nascença ao momento derradeiro!

Nos teus lábios, um canto mavioso
Que me juraste com promessas vãs
E que traíste sem pudor algum.

O teu olhar, lindo, silencioso,
Que iluminava em todas as manhãs
Não me devolve, já, dia nenhum!

3 comentários:

Eduardo Leal disse...

João,

Continuamos a viagem...
Gosto do soneto. Está perfeito na forma... um belíssimo jogo de palavras...
A construção é interessante: começas cada quadra com problemas que resolves no correr da pena e acabas cada terceto na recriminação do Amor...
É a vida... o que vale é que há dias melhores.

Este soneto faz-me viajar bem longe...

Anónimo disse...

João Lopes,

Com que então «não escrevo nada de jeito» hein?? :-)

Lindo poema. Triste mas real.

Beijinhos

segurademim disse...

Tão nostalgico, triste? promessas são palavras e palavras leva-as o vento... caríssimo!!!

Beijo, gostei da descoberta :)