segunda-feira, dezembro 19, 2005

Impossível

Procuro o que jamais posso alcançar!
Ao mais alto impossível eu aspiro;
Ergo a voz, e não cesso de berrar,
Mas nesse altar não se ouve o meu suspiro!

Não deixo do impossível invocar,
Porque é no impossível que eu me inspiro;
Depois de no impossível me inspirar,
A loucos impossíveis eu me atiro.

De meus olhos emanam ilusões!
Ilusão é esse altar onde não chego,
É também o impossível por que luto.

És tu o impossível dos pregões
Que eu solto nessas ruas onde prego
O amor que fez de mim um homem bruto!


joão lopes em 1988

19 comentários:

Eduardo Leal disse...

Gosto!
Na poesia gosto do jogo das palavras (aliás não é só na poesia)
E neste teu poema esse jogo é muito interessante.
Quanto aos conteúdos, está giro ver que a adolescência tem tendência para escurecer o Amor...
Pena não sermos adolescentes mais tempo, a tempo de ver o Amor adquirir novas cores...

Anónimo disse...

A poesia não será para sentir, aPENAs? :)

Eduardo Leal disse...

Não! Não estou de acordo... a poesia é para sentir, degustar, tocar, ouvir, cheirar e ver, mas também para discutir, comentar, criticar, imaginar.
Tem virtudes que a prosa não conhece, abre portas que não imaginamos...
A poesia é património de todos e do domínio de cada um... cada poema e os poemas todos...

Anónimo disse...

Mas ao criticá-la ou discuti-la, não estaremos a limitar o que a gerou?
Como poderemos nós saber o que ia na alma do poeta quando a criou?(e não estou a referir-me ao que transparece nas palavras, mas sim ao que as motiva. O que não é, obrigatoriamente, a mesma coisa)
Não será retirar-lhe a infinitude, resumi-la a um comentário sobre a sua forma e conteúdo? :)

JL disse...

Interessante esta discussão! Há bons argumentos de ambos os lados. Se por um lado o poema, depois de exposto, deixa de ser do autor porque o leitor se identifica com ele, toma a sua dor, por outro não é fácil fazer análise por se desconhecer as circustâncias que motivaram o poema. Muitos poemas encerram uma história que a maior parte das vezes só a sabe quem a escreve.

Esta, curiosamente, foi motivada por uma Sofia :-). E outros que se hão-de seguir!

1 para a Sofia 0 para o Eduardo.
Mas o jogo está renhido. Vou acompanhar de perto.

Beijos e abraços

Eduardo Leal disse...

Criticar não tira nada, antes acrescenta.
Criticar pode ser uma atitude positiva.
Como se pode ler no dicionário da Porto Editora:

substantivo feminino
1. arte de julgar uma obra de carácter intelectual, artístico ou literário;
2. apreciação de uma criação intelectual, artística ou literária; julgamento; análise;
3. conjunto das pessoas que exercem a actividade de crítico;
4. juízo moral ou intelectual;
5. acto de censurar;
6. julgamento desfavorável;
espírito de crítica tendência para sublinhar defeitos dos outros;

(Do gr. kritiké, «juízo», pelo lat. critìca, neut. pl.?«crítica; filologia»)

Gosto particularmente da palavra "apreciar" e é verdade que sempre que aprecio faço julgamentos...

A poesia tem essa beleza de no s fazer ir ao encontro do outro (neste caso o autor) sem todavia o privar dos sentidos originais.

Anónimo disse...

Foi, João?!:) E essa Sofia chegou a saber?

Criticar poesia, julgá-la, ainda que apenas intelectualmente, é trazê-la de volta à terra, de onde saiu. Para mim, a poesia é magia. Querer tocar na alma de um poema, é descobrir que a ilusão não existe. Que tudo tem uma explicação. Que tudo obedece a regras.
Sentir. É a única coisa que acontece, quando vejo poesia. E é bom. :) Feliz Natal para todos.

JL disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
JL disse...

Nunca soube, Sofia! :-)
Quer dizer, nunca soube da poesia que escrevi inspirado por ela. Mas sabia do que a motivava! A menos que essa Sofia sejas tu, duvido que ela saiba dos escritos que tenho ainda para publicar aqui.
Um dos poemas faz uma alusão, mais ou menos explícita, ao nome dela e, consequentemente, ao teu. Vai estando atenta.

Já vi que és apreciadora de poesia, talvez apaixonada!

Um Feliz Natal para ti também. Obrigado por frequentares este espaço.

Beijos

Anónimo disse...

Não sou essa Sofia, não :).
Até porque não é por esse nome que me conheces... :))
(Eu sei que sou mazinha, mas fiquei tão feliz por te ter encontrado na blogosfera, que quero adiar o momento do nosso reencontro.) :)
(Sim, claro que me conheces! Há muito tempo. Antes de 1988. Muito antes.) :)

JL disse...

Seremos familiares?
Agora deixaste-me curioso. Desvenda lá um pouco do véu. Pode ser pelo e-mail que está no perfil.

Beijos

Anónimo disse...

Não sei... :)
Isto é giro...

JL disse...

Tem a sua piada... Mas podes dar-me alguma pista. Tenho a minha suspeita, mas... Vá lá!

Anónimo disse...

"(...) Um dos poemas faz uma alusão, mais ou menos explícita, ao nome dela e, consequentemente, ao teu. Vai estando atenta.(...)"

Depois deste, dou-te todas as pistas. Gosto dos teus poemas. :)

JL disse...

(Eu sei que sou mazinha, mas fiquei tão feliz por te ter encontrado na blogosfera, que quero adiar o momento do nosso reencontro.) Não há aqui uma "contradiçãozita", C. Sofia?

Bom, apesar de ser Natal, acho que não vou colocar esse poema já. Agora serei eu o "mauzinho" :-).

Beijocas e Feliz Natal

Anónimo disse...

:)!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Não sei se sabes, mas vais ter de me explicar como é que fizeste isso... mauzinho. :)

JL disse...

Foi a psicologia. O C era de Cousin ;-).

Beijocas.

O meu e-mail é: joaolopes@zmail.pt

JL disse...

Também pode ser C de Cascais :-)

Sofia disse...

:) Lembras-te? "Por que me cascais, minha mãe? Por que me cascais?" Tiravas-me do sério!:))