segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Já fui pedinte

Já fui pedinte, errante, não o nego!
Andei de mão estendida, qual mendigo
Esperando umas palavras de aconchego
Na sossegada voz de um ombro amigo.

Um dia em desespero pus no prego
A vontade de ti. Falei contigo:
- Vale-me tanto, amiga, o teu sossego,
Que vou tentar vendê-lo, por castigo!

Vieram mil errantes peregrinos
Pra rematar a tempo esse produto
Que eu queria desfazer dos meus haveres.

Só um malandro, desses magrebinos,
Te quis levar – um homem pouco astuto -
Julgando-te bendita entre as mulheres.

joão lopes

6 comentários:

Eduardo Leal disse...

Genial!
Tudo!

Bird disse...

Oh desculpa-me...

Ontem tinha-te escrito... vejo agora que o comment que te fiz não foi gravado. Foi porque estava tão cheia de sentidos pelo teu poema...

Hoje regresso e dou-me conta que sinto ainda mais...

Vim a correr como se fosse possível apanhar-te...

Acabei de te ler lá também e fico mais pequenina que...
E tu sabes que eu também... já não passo não quero passar sem ti...

Beijo maior que o pensamento

Anónimo disse...

Até me fez sorrir...excelente :-)
Beijinho

BlueShell disse...

Perfeito...

Eu nunca consegui fazer sonetos...dar-lhe "vida" como tu fazes!

Muito bom!
BJs, BShell

Anónimo disse...

Bem sentido. Bj

Sofia disse...

Não. Não sei porquê. Mas não. Não passa para lá da razão. É de mim, certamente. Porque apesar disso, é bonito. :)