quinta-feira, junho 08, 2006

Mil desejos

Mil desejos, mil sonhos, mil tormentos;
Mil tudos... E, no mesmo ser, mil nadas;
Mil promessas de amor e sentimentos,
P’lo mesmo ser, as mil, atraiçoadas.

Mil sonhos atirados por mil ventos,
Mil achas, p’lo mesmo gume, esfaqueadas;
Sorrisos mil e os mesmos sofrimentos,
Depois das mil palavras esfarrapadas!

Mil sonhos, mil tormentos, mil desejos
E a solidão tão vasta e infinita
nos mil sonhos onde me invento e crio.

Mil ternuras criaram os mil beijos
E, os mil tormentos, essa voz bonita
Que em mil vezes me deu tudo — e o vazio!

joão lopes em 1988

3 comentários:

Silêncios disse...

Lindo e melancólico...mas, faz-me pensar que felizmente os vazios podem "encher-se".
Fica um beijo

Maria P. disse...

Mil desejos que o poeta nunca perca a inspiração.
Muito bonito, beijinho.

Bel disse...

Porque o tudo e o nada andam sempre interligados. O mesmo ser que aparenta ou em algum momento de facto dar vai um dia provar nos que o tudo pode se transformar em vazio.
LIndo poema