terça-feira, outubro 03, 2006

Mar cansado

É tempo de mar cansado!

Acordo...
com o branco nos olhos
e os meus lábios colados
nos teus lábios de tecido.

Vencido...
pela luz calada
da insónia fatigada
fechei os olhos
e perdi o tempo de sonhar
a sonhar em nada.

Está frio!
Está sempre frio
quando acordo
para a luz estremunhada
e o arrepio do teu cheiro
me enche os lábios de nada...

Nada!
Antes tempo
de mar e vento
revoltado!...

9.5.80

3 comentários:

Bel disse...

Também há beleza no mar cansado, no mar calmo. A revolta é excitante, porque existe sempre a noção de fim, tempo incerto para acabar...
Cumprimentos e bom feriado

Luís disse...

Que lindas coisas escreve essa pena...

Hei-de voltar.

Um abraço

mnemosyne disse...

Trepa a alma por escarpas a prumo, resvala na crespa ondulação das águas que marulham, lateja, bate e ruge versos de aromas salgados...profundo este poema.