O paladar do teu corpo que me ata
Ao dia de ontem e como se fosse
Névoa, não deixa ver que, assim, me mata
O hoje e o amanhã. Ah, quem me dera
Que a memória desse dias partisse
Em busca d’outro vale, onde a quimera
Tão doce, quanto o beijo, não fugisse.
Sabes que a música que meus olhos
Te cantaram, floriu em mar de pranto?
E de tanto te sonhar, mas tanto,
Tanto, se evadiu da prisão de escolhos
Que agora a minha voz se transformou
Em memórias que o meu corpo apagou.
joão lopes