Onde jamais chegou a luz do dia,
Coloquei um fogo d’amor, que ardia
No peito, já p’las brasas consumado!
Cobri-o... e deixei-o sepultado;
Enquanto a chama a cinza consumia,
Senti a fuga da melancolia
Que antanho fez de mim um assombrado.
E quando o já julgava consumido
Senti que o fogo frio me queimava,
E a tampa, tenebrosamente, ergueu-se:
Ouvindo-se um sussurro e um gemido,
Aproximou-se o vento, de rajada,
E o fogo apagado, reascendeu-se!
joão lopes em 1988