quarta-feira, outubro 27, 2010

Pode ser que no princípio
fosse o teu corpo apenas…
Como se a fome toda nos silêncios se inventasse…
Pode ser…
que só por isso eu te amasse.

Como pode ser até
que ao mergulhar em ti,
nesse teu mar de riso e de palavras feito,
pudesse ser apenas eu
naufragando no teu peito .

Tudo começa por ser nada…
como se o caminho todo do desejo
fosse pedra em fogo
e cada um de nós
promessas por fazer… um logro…

Podemos ser tudo isso
que nada nos impede de ser nós…
Vivos nas mãos que se tocaram
nos beijos trocados por palavras
nos corpos que se amaram…

Podemos ser o fim…
O tempo gasto dos meus dedos
na procura do prazer dos dias
que nada nos roubará o gosto
que eu tinha quando rias…

Como se o meu princípio e o meu fim
fosse a cama em que deitavas
os teus olhos meigos, às vezes puros
e eu fosse o marinheiro apenas
nos teus mares inseguros.

Tudo pode ser…
porque amei em ti o vento
porque tive em ti o mar…
Nos teus lábios feitos sal
feitos mundo a inventar.

1 comentário:

tb disse...

Podemos ser o que quisermos.
Gosto desta imaginática que percorre a poesia.