domingo, outubro 05, 2008

Acaso sabes o Caminho,
os ventos que nos levam,
ou a força dos meus passos?!
Diz-me se tens o mapa...
a bússola secreta nos teus olhos,
ontem luz e hoje baços!

Conheces as correntes deste Mar,
as origens todas
dos nomes por dizer?
Fala-me dos teus medos, todos
dos caminhos alvos, negros
das verdades por saber.

Conta-me de ti
nas curvas dos meus sonhos...
Liga as peças de quem sou
o puzzle todo do devir...
enquanto eu explico
donde venho e onde estou.

Porto, 5 de Outubro de 2008

domingo, setembro 14, 2008

Fado dos teus olhos
À noite, se as luzes se apagam
procuro no escuro os teus olhos
onde os meus olhos naufragam.

E quando neles me afundo
Encontro uma luz tão intensa
Que esqueço o resto do mundo.

E neles me vejo enfim
O verso de quem eu sou,
O outro lado de mim!

Flor de Paranhos, 6 de Setembro de 2008

quarta-feira, setembro 10, 2008

...um poema à minha Mãe...
Que um rio nunca esquece
nem quando encontra o mar…
esses montes de onde desce,
o seu primeiro lugar.

Assim recordo e vejo
as noites no teu colo.
As carícias e um beijo
nos momentos do acordar.

E a tua voz contando
estórias de papões com sacos
enquanto eu fantasiando
via Pedros e Marias…

Com essa mesma voz
criavas contos novos
e fazias com que nós
inventássemos magias.

Explicavas, sem saber
Que o mundo não é cinzento…
é da cor que eu quiser,
é da cor do pensamento!

Porto 1 de Setembro de 2008

sábado, setembro 06, 2008

Vou-te falar de beijos.
Discutir as curvas do teu corpo,
inventar palavras, definir desejos,
enquanto desço dos teus seios.

Reinventamos os pecados.
Os dentes brincando nos teus lábios,
doces, quentes e molhados,
enquanto invento devaneios.

Invadimos em silêncio o verbo Amar.
De orvalho feitos ondas...
transformamo-nos no Mar
e deixamos ir...

depois... marinheiros ofegantes,
repetimos o caminho...
e na barca dos amantes
voltamos a partir.

Porto, 6 de Setembro de 2008

terça-feira, agosto 05, 2008

À noite somos outros.
Animais cansados,
frágeis...

De manhã ainda somos,
mesmo que repousados...
as mesmas imagens
dos animais que fomos...

E quando encosto no meu peito
as angústias e os medos
da minha filha pequena...

lembro as manhãs frias
das risadas e segredos
deitado... à tua beira.

E não sei se adormeço
com minha filha no colo
ou no colo de quem foste.

E sinto que somos hoje
toda a força de quem eras
na força dos desejos...

de quem seríamos um dia...
os dois...
ou mais do que isso.

terça-feira, julho 22, 2008

Se o Mundo fosse água apenas...
um mar imenso de rios afogados
de vales outrora verdes... sepultados...


quereria ser um barco!


Nesse barco, um mundo outro,
levaria...
guardadas as saudades do que fui,
os aromas, as músicas o calor do toque.


Poderia esquecer mil sonhos...
a vontade de ser
de ir mais além...


Mas sobretudo quereria ter
uma sala imensa
para a palavra dos Amigos!


Lisboa, 21 de Julho de 2008

domingo, julho 06, 2008

Colecciono brinquedos,
carros de corda, piões...
jogos de cartas e damas.
Charadas tolas, segredos
piadas com que me enganas.

Vou acumulando histórias,
sonhos, desejos... fantasias.
Coisas grandes ou nem tanto.
As pobres e tristes vitórias
do meu grito e do meu espanto...

Vou mastigando cansaços,
antecipando vinganças.
Enganando o tempo...
Gravando em meus olhos baços
os meus moinhos de vento...

Aos deuses dou catedrais
(aos meus e aos outros...)
Levanto templos à esperança.
Imagino os seus sinais
Em cada volta da dança.

A vida é curta, é bem certo…
tem pouca corda e está gasta.
É rio que corre pró mar...
É um horizonte tão perto
Que o nosso tempo não basta.

Que eu leve comigo a criança
Ao colo de quem me tornei.
Que eu guardo no fundo de mim
Mais que a guerra… a bonança
que une o princípio e o fim.

segunda-feira, junho 30, 2008

Às vezes... só de olhar pra ti,
sinto o sol queimar
a minha outra pele...
sinto o cheiro a mar
e os teus lábios
entre beijos e palavras.

E quantas vezes... só de pensar em ti...
imagino esse caminho, todo
nesses pés que foram meus.
Imagino os passos
e os teus dedos
entre festas e mãos dadas...

Misturo antes e depois
os dois que fomos
e quem somos hoje,
os dois...
Parto e fico...
Vou e volto.

E quando me sento... aqui,
neste banco breve e frio...
ancorado sem ter mar e sem ter rio...
é ainda o teu cheiro a pele molhada
que me faz voltar à estrada.
E querer o Mundo que não vi.

1 de Julho de 2008 (a pensar em 1 de Julho de 1986)

domingo, março 30, 2008

Retrato de um Marinheiro que nunca o foi...
Saber a vaga, saber o vento... inventar
caravelas que o não foram
e a quem o mar fugiu.

Retrato de um Marinheiro que nunca disse
a vaga inteira, o vento todo... começar
de um mar imenso que não sentiu
e que barco algum abriu.

Sombra de um Marinheiro que nunca foi
e reza o desencontro que ficou
mil anos no desencanto
à espera de quem não partiu.

Palavras de um destino que não foi fatal
porque na rotina falha a ousadia
e o resto são barcos
que não provam mar.

Retrato de um Marinheiro sem navegar
de um barco
e do mar...
do vento que não foi mais vento!

Espelho de um Marinheiro
estórias do mais banal...
ter na boca a espuma
do que soube naufragar...

Outono de 1989

sábado, março 15, 2008

Quando um dia
tu vieres assim
silenciosa
pegares em mim
e me levares no teu abraço...

Recorda então
de mim, nos outros
todas as palavras.

Permite no teu sopro
que respire ainda
o sorriso imenso que calaste.

e faz do meu silêncio
abrupto e frio
todo o calor
que há
no meu eterno rio.

13/06/2005

terça-feira, março 11, 2008

Sei que bem dentro de ti
No teu coração, bem no fundo
Tenho um espaço só pra mim
Ainda que longe, no mundo.

Não estou contigo... mas sabe
Quero que tenhas presente
Não há escuro que apague
Nosso fogo, mesmo ausente.


À minha filha Joana, no dia dos seus 15 anos, desde lugar distante.
Paris, 11 de março de 2008

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Feliz dia dos namorados, Carmen

Nem sempre gostamos
dos mesmos rios...
ou nos perdemos, juntos
no mesmo céu.

Isso é certo!

Podemos até descruzar caminhos
e encontrar o outro
nas pontas soltas desses fios
com que fazemos a nossa trama comum.

E quando lemos um livro
ou nos leva a Música...
nem tudo nos sabe igual.

É também assim!

Mas sentimos
no fundo de nós mesmos
as forças dos mistérios
que nos unem...

14 de Fevereiro de 2008

sábado, janeiro 26, 2008

Partindo do princípio
que cheguei aqui...

sabendo que os segredos
valem nos teus lábios,
mais que o vento que não vejo
mais que os medos
que não quero...

como poderei não ver,
os caminhos todos,
os rios, mares e estradas
que hei-de ter
se tu fores o meu tempero...

E quando, finalmente
me ensinares tudo,
o que nunca saberei...
então doce e lentamente
saberei quem sou.

E quando me perder assim,
nas ondas violentas
das paixões que invento
quando caio em mim...
então eu vou.

chegarei ao fim
ancorado em ti!

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Com a lua
fiquei com os olhos cheios...
e inventei a dúvida,
a angústia do momento
de saber quem sou.

nas estrelas
cheguei ao fundo do olhar...
procurei o verbo,
a primitiva luta
saber porquê .

e no sol...
no radioso fogo da manhã,
desvendo o segredo imenso
dos amanhãs de sombra
ou de mistério...

e fico assim...
perdido nos astros...
Sem saber sequer
que fazer de mim!

sábado, janeiro 12, 2008

De Pequenino...

Hoje, porque em conversa com a filha mais nova do Amigo João Lopes, se falou de um rapaz de oito anos com veia poética, o Eduardo Abrantes de Abrunhosa do Mato, pareceu-me interessante gravar aqui dois dos seus testemunhos de Amor...
Inês não minto!
Amor por ti
é que sinto!
Simples, e bonito.
Mas fantástico, fantástico é o seguinte. Um verdadeiro Hino ao Amor, à inteligência, à perspicácia e revelador de que o Eduardo Abrantes está muito actualizado para 8 anos.
Aí vai:
Inês meu Amor...
pára de fazer dieta!
Tu já és um Avião
nunca serás uma Avioneta!
Não tenho mais palavras!