sábado, outubro 09, 2010

Que não me roubem nunca
a luz de alguns dos dias
que gravamos na memória.

Para que eu possa,
em momentos de passagem,
rodando as horas entre os dedos...
descobrir as alegrias
de um tempo improvável.

Que escorram os meus olhos
na porta luminosa de uma casa
ou na felicidade simples de uma árvore.

Enquanto escuto o estalar da pele
nas carícias de uma espera
ou no canto matinal do pássaro
esticando a asa
num instante mastigável.

Que se cruzem todos os olhares
na rede mais aberta dos sorrisos
enquanto as estórias adormecem...

No momento em que os copos se levantam
sem brindes nem festejos,
apenas nas necessidades simples
nos gestos precisos...
das coisas naturais.

Que se misturem todos os ruídos
que o sol chama quando basta...
quando o tempo não tem preço.

Para que as crianças corram
livres de ter pressa...
para que as horas passem
nesta vela que se gasta...
Em momentos mais reais.

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