sábado, novembro 13, 2010

Em inglês será só flirt,
para mim é sedução.
É estar aqui, só p’ra ver-te
controlando a tentação.

Não dizer, insinuando,
morder sem poder tocar.
É andar assim, brincando,
mesmo à porta, antes de entrar.

Ver o filme em pré-estreia,
antecipar movimentos.
Ser a vítima na teia
dos teus planos, pensamentos.

Dizer-te o mundo em metáfora
e alimentar os enganos.
Usufruir da demora
e rir contigo dos danos.

É acabar com o mote
a que este poema dá vida.
Leonor esquece o pote
anda lá… o chão convida!

quarta-feira, novembro 10, 2010

Eu juro que não complico
que me entrego no teu beijo.
Deixo fluir o desejo
que me calo, quase grito.

E assim viajo contigo
vou aos céus, perco o juízo.
Bebo os teus lábios e o riso
beijo os teus olhos e sigo.

Passeio os dedos tremendo
nas tuas coxas ardendo.
Faço de ti minha estrada.

Sou o querer natural
desse teu corpo animal
que faz do resto mais nada.

domingo, novembro 07, 2010

Mergulho nos teus olhos que me aquecem
devoro esses teus lábios, atrevidos
e desço p’los teus ombros, já mordidos
parando nos teus seios, que apetecem.

Neles me encontro então, fora de mim
sentindo-lhes inteiro o seu sabor,
o aroma da mulher, o seu calor,
destino do prazer, primeiro fim.

Descendo vou fazendo mais caminho
bebendo em teu umbigo doce vinho
sentindo mais prazer, antecipado.

E beijo ess’outros lábios que já são
rastilho pró meu fogo e explosão
absinto em meu corpo embriagado.

Que importa se é Amor ou só desejo
a chama que me anima se te vejo
se torna esta canção alegre fado.

quinta-feira, novembro 04, 2010

Três variações sobre o mote:

“Teu corpo arde em mim
todo o teu corpo é frescura.”

1ª Variação

Ai neste dia que passa
se ele aquece sinto falta
do teu corpo que me abraça
que me acalma e sobressalta.

O meu corpo estremece
só por ter falta do teu.
Se ele tarda apetece
Ai acabar com o meu.

Se o teu corpo arde em mim
só posso acalmar a chama
quando o teu corpo por fim
me oferece a tua cama.

O teu corpo é então frescura
o alívio que preciso
e por isso o meu procura
meio louco esse teu riso.

O teu riso é o meu sustento
o teu corpo é a minha casa.
Toda tu és alimento
e nós juntos sempre brasa.

2ª Variação

Tu és no fundo o mistério
toda a força que há no mundo,
a gravidade maior
que nos puxa e mantém firmes.

És o estranho magnetismo
que atrai quanto repele.
És a força do abismo
entranhada em minha pele.

Tu queimas, quanto alivias
tu gelas quanto aqueces.
És a peça que faz falta
pra eu ficar incompleto.

Sem ti não posso viver
contigo sou menos eu.
Quando chegas ardo todo
se tu partes morro logo.

Contigo não posso ser
sem ti meus olhos são cegos.
Quando partes morro sempre
quando chegas morro em ti!

3ª Variação

És isso, miúda és isso.
Que é difícil compreender-te.
Pior do qu’isso só mesmo
poder saber entender-me.

Quem arde em mim não és tu
é a força do desejo.
E este fogo só se apaga
mais que num beijo, em ti.

Eu quero arder no teu corpo.
Entrar em ti com meu fogo
e libertar-me enfim
jogando contigo teu jogo.

És fresca, deixa dizer-te
porque sabes à manhã...
porque no momento de ter-te
és fresca como a maçã.

Que o teu corpo arda em mim
faz sentido se na cama
abraçados, mais do que isso
somo um corpo que se ama.

segunda-feira, novembro 01, 2010

De que te falo
quando escrevo os meus poemas?
Como digo o mundo
quando o visto com palavras?

Que um poema é Liberdade
tantas vezes…
mesmo quando preso
nos caminhos mais prováveis.

Liberta-se em soneto a minha voz
cantando os rios todos que há no mundo
buscando insaciável o mais fundo
do ser que vive só dentro de nós.

Inspira-se nas curvas que são tuas
feitas minhas na força de as olhar.
Solta-se nos meus sonhos de acabar
cativo entra as tuas pernas, nuas.

São letras à procura das palavras
palavras à procura dos sentidos
memórias dos meus dias já vividos.

São peças dos mistérios que me davas
na força destes verbos em fusão
fazendo de nós próprios a paixão.

Os versos que te digo serão sempre
epílogos de histórias por escrever
navios feitos d’árvores por nascer.


De que te falo
no sussurro destes versos
transformando o meu mundo
no Universo que calavas?

Que um poema é Liberdade…
tantas vezes,
solto nos ouvidos de quem escuta
à procura de sentidos improváveis.