sexta-feira, julho 21, 2006

Guardo na memória

Guardo na memória de um beijo doce
O paladar do teu corpo que me ata
Ao dia de ontem e como se fosse
Névoa, não deixa ver que, assim, me mata

O hoje e o amanhã. Ah, quem me dera
Que a memória desse dias partisse
Em busca d’outro vale, onde a quimera
Tão doce, quanto o beijo, não fugisse.

Sabes que a música que meus olhos
Te cantaram, floriu em mar de pranto?
E de tanto te sonhar, mas tanto,

Tanto, se evadiu da prisão de escolhos
Que agora a minha voz se transformou
Em memórias que o meu corpo apagou.

joão lopes

quinta-feira, julho 13, 2006

Entre o céu e o inferno

P’ra lá destas montanhas está o mar,
P’ra além daquele céu, a eternidade;
O meu amor p’ra lá do longo amar,
Além de tudo isto: a saudade.

P’ra lá do receber existe o dar;
O meu sonho longe da realidade;
O meu amor p’ra lá do desejar;
O meu ser aquém da felicidade.

P’ra lá da minha alma, o ser amado,
Além desta ilusão: a vida dura,
Longínquo do finito — o ser eterno!

Aqui estou, só; o horizonte afastado.
P’ra lá deste caminho, a sepultura;
Longe daquele céu — o meu inferno!

joão lopes em 1989

segunda-feira, julho 03, 2006

Um beijo

Que um beijo é o encontro de dois rios...
águas outras que se abraçam
que se fundem e amparam.

Como o beijo, nossas mãos
na firmeza do caminho,
dadas...

como nós
na ainda jovem busca
do nosso mar distante.

2005